quarta-feira, 22 de julho de 2009

Refletindo sobre Kant e Adorno

Kant afirma que o homem é o único animal que precisa ser educado, e o conceito de educação em Kant representa o cuidado, a disciplina e a instrução.

O cuidado são as preocupações que os responsáveis devem ter para que as crianças não usem a sua força de maneira nociva.

A disciplina transforma a animalidade em humanidade, dá ao homem a capacidade da razão e, é esta, que o diferenciará dos outros animais. A disciplina impedirá o homem de desviar-se da sua humanidade e o fará seguir leis, não mais leis naturais e instintivas, mas leis racionais que o farão respeitar o próximo e a viver em sociedade. Mas isso deverá ser feito muito cedo, e aí entra a escola, pois se a disciplina for dada ao homem muito tarde ele já terá sido inclinado à liberdade dos instintos e seguirá uma vida de selvageria.

Para Kant uma geração educa a outra. Pais bem orientados com certeza educarão melhor seus filhos.

Será?

Não é isto que estamos vendo hoje. Não estamos vendo os homens, em sua maioria, voltados para o bem. Estamos vendo uma geração após outra perdida, sem norte para educar a próxima geração.

Diz Kant:

“A educação, portanto, é o maior e mais árduo problema que pode ser proposto aos homens. De fato, os conhecimentos dependem da educação e esta, por sua vez, depende daqueles. Por isso a educação não poderia dar um passo à frente a não ser pouco a pouco, e somente pode surgir um conceito da arte de educar na medida em que cada geração transmite suas experiências e seus conhecimentos à geração seguinte, a qual lhes acrescenta algo de seu e os transmite à geração que lhe segue.”

O que estamos transmitindo à nossa geração?

O que estamos ensinando?

Será que estamos somente ensinando a Liberdade (e de forma muito errada)?

Os pais muito cedo permitem aos seus filhos escolherem. Passam para a criança desde a mais tenra idade a escolha das mais variadas coisas: o que vestir, o que comer, o que quer de presente seja de aniversário, Natal...

Penso que erramos aqui! A dar liberdade de escolhas a quem não tem ainda a capacidade de decidir. Uma criança deve vestir o que seu responsável acha certo, deve comer o que a família tem para oferecer em sua mesa!

E este direito à liberdade de escolha os pais querem que os filhos a use também na escola: escolhendo quem será o professor, escolhendo onde quer sentar na sala de aula...

Estamos dando uma responsabilidade muito grande a quem não tem capacidade de gerir e isto com certeza traz resultados não benéficos para a sociedade como um todo.

Os problemas surgem, pois os pais temem em assumir a educação de seus filhos e perdem a autoridade. E essa perda de autoridade dos pais em favor da autonomia da autoridade a quem não é capaz de gerenciá-la, é em Adorno uma das condições favoráveis para a perda do vínculo social. O vinculo social é o que mantém as relações entre os indivíduos.

Os meios de comunicação em massa fazem efeito sobre uma personalidade que alcançou a liberdade cultural. O fato é que o sistema escolar não basta para modificar esta realidade. A tecnologia vem através de seus atrativos transformar o homem em alguém incapaz de amar, pois o indivíduo ao ver essa tecnologia como algo essencial, coloca-a como fundamental em sua vida.

A televisão como meio de comunicação repassa através de suas programações a violência que as crianças desde muito cedo visualizam e absorvem. E esse processo de absorção é negativo para a construção de sua personalidade. Para que essa realidade não torne a geração vindoura em pessoas frias, como hoje vemos essa geração de adolescentes extremamente consumista e agressiva, é preciso colocar, na criança hoje, valores que a possibilitem a amar, libertando-as de valores mecânicos e frios que poderão com o passar do tempo, se não estivermos atentos, a fazer germinar uma nova Auschwitz.

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